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Trabalho com diferentes suportes — pintura, filme, vídeo, fotografia e escrita.

Cada obra criada, está intrinsecamente relacionada com todo o processo de criação e com o suporte/matéria escolhido. Desde 2010, adoptei a chapa como suporte principal para a minha pintura. Ao longo destes anos, tenho desenvolvido várias abordagens com este material: comecei por recolhê-los de espaços devolutos e abandonados — fábricas, casas, terrenos baldios, depósitos de lixo doméstico. 

 

As primeiras obras pertencem a uma série intitulada Les Portugais Sont Travailleurs. São um conjunto de seis painéis de grandes dimensões (300x250cm) montados sobre uma estrutura de tubo de aço galvanizado. O título alude aos Bidonvilles de Paris da década de 60, onde vários emigrantes portugueses viviam em condições insalubres, depois de fugirem a "salto" da ditadura do Estado Novo de Salazar (1926/74). As obras foram criadas durante uma residência artística, ao longo de seis meses, numa fábrica abandonada e sem telhado, sujeitas à intempérie, que contribuía para a sua constante mutação, à medida que ia progredindo nas minhas pesquisas pictóricas. 


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Em 2015, recuperei os materiais que tinham sobrado da primeira experiência e criei uma nova série Les Portugais Sont Travailleurs #2, constituída por dípticos de pequenas dimensões (50x70cm), montados sobre uma estrutura de madeira, sem esquadria. Todo o processo, era uma vez mais, irónico, pois voltava a reutilizar os mesmos materiais abandonados, como se fosse uma dupla respigação. — "nada se perde, tudo se transforma".

 

Contudo, o processo adoptado, divergia da primeira série, ao ser feito agora numa fábrica com telhado

(protegido das intempéries), e servindo-me de processos de construção rudimentares e básicos: madeiras de um velho tecto falso para a estrutura; pregos re-utilizados, um martelo e um serrote. De certa maneira, emulava a forma de construção precária dos Bidonvilles de Paris, e em que as obras finais são o resultado de todo um processo precário de criação, contrariando assim a ideia de obra de arte  acabada. Ou seja, a obra não é o resultado da execução de um projecto predefinido, mas antes, é um reflexo de todo um processo de trabalho, onde ficam evidenciados os erros, e conseguintes tomadas de acção, para tentar corrigir esses erros (um prego mal pregado, uma esquadria mal feita, uma quina de chapa mal aparada e sucessivamente martelada para minimizar 

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© Pedro Bastos 2021
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